Trinta
anos de casados e aventureiros como sempre fomos qual seria o lugar ideal para
se comemorar?
Li
sobre um lugar lindo e meio perdido na Bahia chamado “Península de Maraú”, como
diz a placa na estrada “difícil de chegar e difícil de deixar”.
Lugar
escolhido, hotel reservado, voo para Ilhéus providenciado.
Chegamos
em Ilhéus e pegamos um carro 4x4 gentilmente emprestado por um amigo da cidade.
Partimos
rumo a Maraú, estrada boa, sem problemas até chegar na BR-030, depois disso a
aventura começa.
A
estrada é de terra e toda esburacada, um verdadeiro terror.
O
carro trepidava tanto que eu tinha que me segurar e aí eu me perguntava:
-
Meu Deus e agora, o que fazer, a gente continua, para, fica, volta?
Nada,
capaz que Marilza e Túlio depois de 30 anos juntos, passando por vários
obstáculos, vencendo todos, iríamos retroceder num passeio de lazer.
E
depois, aquela estrada representa bem o que é a vida.
Para
se chegar ao paraíso muitas vezes é preciso enfrentar o purgatório.
Então,
sem desistir, partimos rumo ao nosso hotel.
Chegamos
já a noitinha e exaustos.
Fomos
recebidos amavelmente pelo Bil que havia reservado para nós o melhor quarto do
hotel, andar superior de vista para o mar.
Ele
me disse que pensava que fosse receber um casal em lua de mel.
Sorrindo
lhe disse que quando ele viu os “tiozinhos” chegando não deve ter entendido
nada.
Mas
sim, era lua de mel número 30 por que não?
Bil
nos disse que ofereceriam a nós um vinho branco e uma cesta de frutas.
Depois
desse dia exaustivo fomos para o restaurante saborear alguma coisa, tomar o
vinho, que na realidade tomei sozinha, pois o Túlio preferiu a cervejinha
gelada mesmo.
No
outro dia logo que amanheceu corri para a janela para ver como estava o tempo.
Ao
abrir a janela pude contemplar uma das mais belas paisagens que vi na vida. O
espetáculo da natureza, o esplendor de Deus naquela bom dia maravilhoso.
O
céu azul, o sol brilhando, o mar com suas ondas branquinhas que pareciam dançar
ao balanço dos coqueiros. Fiquei a deslumbrar aquela cena magnífica em estado
de graça!
Naquele
momento eu só podia mesmo agradecer por ter esse privilégio, estar naquele
lugar único comemorando 30 anos de união feliz.
Saboreamos
um belo café da manhã e conforme orientação do Bil fomos procurar uma trilha
para chegarmos em Taipú de Fora mais fácil.
A
tal trilha não encontramos, mas caímos num areião que fazia o carro dançar e o
Tulião precisou mostrar todo seu empenho em traçar e fazer manobras radicais
com o carro para que não ficássemos ali perdidos no meio do nada.
Eu
gargalhava como criança, batia palmas de alegria e dizia a ele:
-
Esses somos nós, loucos por uma aventura!
Chegamos
numa fazenda e fomos pedir informação para dois garotos que vinham em direção
ao carro.
O
primeiro se aproximou e o Túlio ansioso começou a lhe perguntar como a gente
fazia para irmos a Barra Grande. O menino só nos olhava fixamente e nada
respondia.
Nisso
o outro se aproximava com um facão enorme nas mãos.
Eu
esfriei, moradora neurótica de São Paulo pensei:
-
Pronto, estamos fritos, como naqueles filmes de terror que o casal se perde e
sempre acabam se dando mal.
Nada
disso Marilza, você estava na Bahia, terra de todos os santos, de Gil, Caetano
e Jorge Amado.
O
rapaz do facão nos disse que estava impedindo a passagem de carros por ali,
pois o irmão era mudo e se assustava com o movimento de carros.
E,
como um bom bahiano do bem disse que nós poderíamos cortar caminho por ali e
logo chegaríamos na Vila.
Aliviados
e dando muito risada de nossas loucuras chegamos em Taipú de Fora.
A
praia não tem como explicar, com certeza é a mais linda que já vi até hoje.
Uma paz tão grande tomou conta de mim que me acomodei naquelas cadeiras
almofadadas enormes e cochilei ao som das ondas quebrando na areia. Um
espetáculo que então a gente compreende que o Paraíso está ali naquele lugar,
de paz, de calma, de aconchego, de gentileza, de humildade e de uma beleza
inexplicável.
Ficamos
até a tardezinha, depois fomos saborear uma comidinha muito gostosa no Buda Beach, lugar onde nos aconchegamos
logo que chegamos.
Voltamos
para o hotel já anoitecendo e encantados com a beleza da natureza que Deus
gentilmente nos brindou de graça e que infelizmente em vários lugares desse
Brasil lindo que dá coco o homem está destruindo.
No
outro dia tínhamos a intenção de darmos uma volta de barco para conhecermos as
ilhas, mergulhar, etc.
Infelizmente
o tempo não estava legal e achamos melhor deixar para o outro dia.
Aproveitamos
então para conhecer a Vila, dar um passeio a pé e voltarmos ao hotel para
curtirmos também aquele lugar maravilhoso.
Na
volta para o hotel pegamos novamente uma trilha, quando eu avisto saindo da
mata uma coisa enorme se mexendo no meio do nosso caminho.
Eu
comecei a gritar:
-
Uma cobra, uma cobra enorme, que medo!
O
Túlio falou para eu parar de gritar, acho ele não queria que eu assustasse a
cobra.
Ele
parou o carro bem ao lado dela e, mesmo morrendo de medo, abaixei o vidro e
tirei várias fotos. Eu tremia de medo dela dar um bote para dentro do carro,
mas ela permaneceu quietinha até que se enfureceu e deu mesmo um bote, mas
bateu na lataria do carro.
Aí
eu comecei a gritar:
-
Ela deu um bote, ela deu um bote, que medo, que medo!!!
Nos
afastamos e ficamos observando ela voltar para o seu espaço.
Que
emoção!
No
outro dia o tempo continuava meio fechado, então decidimos partir viagem rumo a
Itacaré e Ilhéus, pois tínhamos só mais dois dias e poderíamos explorar e
conhecer outros lugares.
Escolha
certa, decisão corretíssima.
Chegamos
em Itacaré e o sol brilhava.
Fomos
para uma praia super gostosa e bem familiar – “Praia do Rezende”.
Sentamos,
tomamos sol e ficamos um bom tempo lá aproveitando o dia maravilhoso.
Depois
fomos conhecer um pouco da cidade, que inclusive adorei, almoçamos e fomos
dormir em Ilhéus.
Chegamos
em Ilhéus a noitinha a fomos para um hotel super gostoso de frente para o mar e
coincidências a parte, ficamos na “suíte lua de mel”.
A
noite fomos jantar com esse casal amigo. Noite deliciosa, comida boa, vinho
saboroso e companhia super agradável
A
Bahia realmente é apaixonante.
Acho
que agora entendo uma amiga que é carioca, mora em São Paulo, mas tem o sonho
de se tornar bahiana e morar na Bahia.
No
outro dia ainda deu para irmos numa praia. Fomos na Praia do Sul, que delicia,
que calma, que paz!
Caminhamos
e depois banho de mar. Ao mergulhar naquela água limpa e deliciosa parecia que
eu estava tomando um banho de “descarrego”.
Que
leveza, que sensação maravilhosa. Ficamos por muitos minutos dentro do mar,
aproveitando aqueles momentos de relax, nossas coisas ficaram na areia e
continuaram lá!
Deus
salve a Bahia!
Obrigada
Mãezinha, obrigada Deus.
Saindo
da praia, voltamos ao hotel, nos arrumamos, fechamos a conta e fomos dar um
passeio pelo centro.
Claro
que fui a Catedral de São Sebastião agradecer, agradecer e agradecer, tirar
foto no Bar Vesúvio ao lado de Jorge Amado, coisa que acredito quase ninguém
faz....e tomar sorvete de tapioca, delicia!
Parece
que o tempo na Bahia passa mesmo mais devagar, passeamos, tiramos fotos e ainda
faltava bastante tempo para o nosso embarque.
Pronto,
como eles dizem, viciei.
Quero
voltar, me banhar naquelas águas abençoadas, me sentir leve como uma pluma,
respirar a natureza de uma forma profunda, sentir estar em contato com Ele que
foi o criador disso tudo para nós.
30
anos de casamento e com um presente divino, estar num local onde a união se faz
presente, o belo, o mágico, o que transcende, o que é lindo de se ver e viver!
Obrigada
Mãe Natureza!